Violência atinge 45% dos porto-alegrenses

Levantamento realizado pelo Instituto Methodus revela que 9 em cada 10 moradores da capital mudaram hábitos por medo da insegurança



A sensação de aumento da violência e o medo fazem parte das preocupações dos moradores de Porto Alegre. Agora, tudo isso foi comprovado em um levantamento realizado pelo Instituto Methodus.



Dos 431 entrevistados que responderam às perguntas, 45 % do total foi vítima de algum tipo de crime neste ano. Mais de 90% conhece alguém que sofreu violência em 2015. Sobre os tipos de violência, o roubo a mão armada é o mais citado, onde um em cada cinco entrevistados afirma ter sido roubado deste o início do ano. Para evitar passar por alguma situação de perigo, mais de 88% dos porto-alegrenses afirmam ter mudado hábitos, como evitar andar a pé pela cidade, reduzir as saídas à noite, festas e restaurantes. A preferência por compras em shoppings, em detrimento das lojas de rua, também foi registrada por 68% dos participantes.

Para o diretor do Instituto Methodus, Jefferson Jaques, os números encontrados revelam não só o difícil cotidiano dos porto-alegrenses, mas também as consequências ecnômicas da falta de segurança. 


“A mudança de hábitos é algo que eu acredito que esteja afetando, inclusive a atividade econômica, porque 89% das pessoas está evitando sair à noite. As pessoas saíam para jantar, para dançar, para fazer atividades sociais. Se as pessoas não estão mais fazendo isso, ou se estão fazendo em bem menor número, isso afeta a atividade econômica”, explicou Jaques.


A sensação de insegurança na cidade é outro fator predominante. 82% dos porto-alegrenses afirmam que se sentem nada ou pouco seguros. Quando perguntados pelo mesmo sentimento no bairro onde moram os índices caem um pouco, chegando a 62% dos entrevistados. Ainda, 54% acreditam que a violência em Porto Alegre é maior do que em outras capitais brasileiras. Um levantamento recente do Grupo Bandeirantes mostra que Porto Alegre tem 9 assaltos para cada mil habitantes, enquanto Rio de Janeiro e São Paulo registram 6 assaltos para cada mil habitantes.

Jefferson Jaques, afirma que esses resultados explicam uma mudança no modo em que os moradores observam a cidade. “Historicamente, por outras pesquisas de outros anos, a gente tinha que Porto Alegre era um pouco resguardada daquela violência toda que se via no Rio de Janeiro ou em São Paulo, e hoje as pessoas estão achando que a gente já passou do ponto dessas cidades”, observou o diretor do Instituto Methodus.

Sobre questões polêmicas, os porto-alegrenses estão divididos: cerca de 30% são totalmente contra a pena de morte, enquanto outros 30% são a favor. O panorama equilibrado se repete quanto à opinião sobre a maior facilidade no porte de armas aos cidadãos. Os entrevistados, porém, se mostraram a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, com mais de 60% a favor da mudança.

Quanto a esses resultados, o diretor do Instituto Methodus ressalta que os assuntos pedem maior discussão na sociedade. “Quando a gente olha os números intermediários, existe 25% que é parcialmente a favor, enquanto apenas 10% é parcialmente contra. Então existe um balanço muito maior pelo favorecimento da pena de morte, mas é um assunto muito turbulento, muito questionado, e se entrasse numa votação ou num plebiscito, eu não sei se passaria, porque eu acho que haveria um grande debate nacional em relação a isso”, ponderou Jefferson Jacques.

Apesar do sentimento de falta de segurança, a maioria dos entrevistados, entre 64% e 70%, afirmou confiar na Brigada Militar e na Polícia Civil. A maioria também acredita que a Guarda Municipal poderia auxiliar no combate à criminalidade em Porto Alegre. Os entrevistados apoiam ainda a vinda do Exército na tentativa de solução do problema, com 71% sendo pelo menos parcialmente a favor da intervenção. Consequentemente, para 42% dos entrevistados, a medida mais eficiente para reduzir a violência na Capital é o aumento do efetivo policial.

 O levantamento foi exposto na internet e 431 porto-alegrenses responderam aos questionamentos, sendo 83% com idade entre 25 a 59 anos.

Laura Becker - Rádio Bandeirantes

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