CRISE OBRIGA GAÚCHOS A MUDAR HÁBITOS DE CONSUMO

Clientes de supermercados deixaram de comprar supérfluos


Foto: Pedro Revillion / CP Memória

O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, afirmou que o setor percebeu há 60 dias essa conscientização do consumidor na hora de adquirir os produtos. “Os clientes estão deixando de comprar os supérfluos em razão da crise”. Segundo Longo, ocorreu uma diminuição de 3% a 5% na compra de produtos como bolachas, salgadinhos, chocolates, iogurtes e achocolatados. Conforme o presidente da Agas, os consumidores estão passando longe das gôndolas que possuem produtos supérfluos e mantendo a compra dos produtos essenciais. 


Já o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, disse que o movimento caiu em restaurantes e na rede hoteleira da Capital e da região Metropolitana de Porto Alegre. Uma estimativa do Sindha aponta redução de 15% a 20% no setor da hospedagem e hotelaria no Estado por conta da crise na economia brasileira. 
Uma pesquisa feita pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que a maioria dos brasileiros está pessimista com os rumos da economia do Brasil. Além disso, 56,1% acreditam na piora do cenário nos próximos meses em relação a 2014. 


Entre os hábitos de consumo a serem mudados, 61,3% pretendem diminuir a compra de produtos supérfluos, e o setor mais afetado, segundo a pesquisa, será o de alimentação: 47,7% têm a intenção de cortar os gastos com refeições fora de casa, sobretudo os consumidores pertencentes às classes C, D e E (55,7%).


As despesas com lazer também devem ser afetadas: 43,1% pretendem diminuir gastos com cinema e 33,7% com bares e restaurantes. Outros cortes incluem itens de supermercado de menor necessidade, como iogurtes, congelados, carne, leite e bebidas (35,4%).



Pesquisa
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Methodus, de Porto Alegre, ouviu empresários e profissionais de diversos estados sobre a crise econômica. Todos os entrevistados ligados a indústrias (100%) responderam que o Brasil está retraído. Eles declararam que suas empresas enfrentam retração, 44,4%. Já no comércio, o mesmo percentual de gestores (44,4%) afirmam que seus negócios estão estáveis. Para 83,3% dessa área, o país está parado. Quase empata com essa mesma impressão, o segmento de serviços. Para 81,9% dos questionados, o Brasil não avança. No entanto, 39,8% disseram que suas empresas estão crescendo.


Para driblar a crise, 56,4% dos empresários e profissionais afirmaram que reduziram os custos, 54,1% investiram em qualificação dos funcionários, 41,4% fazem pesquisa de mercado, 38,3% aplicam na área comercial e 36,1% apostam em publicidade.


A capacitação de funcionários é apontada pelos empresários como um grande diferencial no setor de vendas. Segundo os lojistas, um funcionário bem treinado, que tenha argumentos na hora de oferecer um produto, pode render até 50% a mais. De acordo com os donos de lojas, proporcionar cursos de atualização é investimento e não custo.


De 16 a 23 de julho, foram ouvidos 133 representantes dos setores da indústria (13,5%), comércio (13,5%) e prestação de serviços (62,4%). “Sentimos que 79,7% dos participantes do levantamento consideram muito importante realizar estudo de mercado em momentos de crise”, explicou Jefferson Jaques, diretor do Instituto Methodus.
A crise na economia brasileira, especialmente em razão de fatores como inflação alta, está obrigando os brasileiros a mudarem os hábitos de consumo. Este comportamento pode ser notado nos supermercados, lojas bares e restaurantes gaúchos.

Matéria publicada pelo Correio do Povo em 06.08.15.

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